terça-feira, 16 de novembro de 2010

A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE CRIADORA NA EDUCAÇÃO



"Nós vivemos entre dois mundos, ou seja, entre dois sistemas de percepção totalmente diferentes: percepção de coisas externas, por meio dos sentidos, e percepção de coisas internas, por meios de imagens do inconsciente".
C.G. Jung

Como a linguagem é limitada e racional, dificulta traduzir sentimentos e sensações em palavras o que proporciona filtrar aquilo que será dito, organizando as idéias, impedindo que o conteúdo mais importante seja tocado. A arte como meio de compreender o desenvolvimento entra como desbloqueadora, aproximando a pessoa da sensação e da emoção acessando conflitos não ditos e explicados pela linguagem verbal. Implica em usar o cérebro para alterar, renovar, encontrar respostas e soluções, experienciar novas formas de viver com mais criatividade, dando um novo sentido a vida.
As mudanças, à medida que a criança cresce e se desenvolve, são claramente visíveis em seus desenhos. Milhares de desenhos feitos por elas, jamais existirá dois que irão ser idênticos. Cada desenho reflete os sentimentos, a capacidade intelectual, o desenvolvimento físico, a acuidade perceptivo, o envolvimento criador, o gosto estético e até a evolução social do indivíduo.
A melhor descarga emocional na arte,está quando a criança retrata as coisas que são significativas e importantes para ela e quando ela própria aparece retratada.
Todo ajuste a uma nova situação implica flexibilidade – flexibilidade no pensamento, flexibilidade na imaginação e flexibilidade na ação.
Crianças que apresentam freqüentes repetições estereotipadas poderá haver uma dificuldade real na adaptação a novas circunstâncias.
A constante superproteção condiciona as crianças a confiarem noutras pessoas e a se refugiarem atrás dessa superproteção. Isto as priva não só da sua liberdade, mas também da sua capacidade para se adaptarem a novas situações.
A criança emocionalmente livre, desinibida, na expressão criadora, sente-se segura e confiante ao abordar qualquer problema que derive de suas experiências. Identifica-se, extritamente, com seus desenhos e tem liberdade para explorar e experimentar grande variedade de materiais.
A arte dá oportunidade a qualquer pessoa de desenvolver habilidades e despertar todo o seu potencial através da expressão artística com o uso de diversos materiais como pintura, recorte e colagem, desenhos, dança, modelagem, entre outros. Cada material atua de uma maneira em cada pessoa despertando emoções antes contidas, renovando o ser humano, fazendo surgir novas percepções a cerca de si mesmo e do mundo num processo contínuo de conhecimento. A arte trabalha essencialmente a emoção.

"(...) É por meio dessas manifestações expressivas que nos é dado penetrar no mundo interior dos psicóticos, mundo tão pouco acessível às abordagens lógico-discursivas. O terapeuta que verdadeiramente deseja entrar em contato com seu doente terá de aprender a decifrar as imagens que ele pinta ou modela, terá de aprender a ler sua expressão corporal, a captar as veladas expressões de suas tentativas de comunicação".
Nise da Silveira

Quando a criança adoece muito cedo, como ficam as famílias?



É grande o número de famílias que se desestruturam em decorrência da patologia da criança. O preconceito sempre surge diante do desconhecido. Muitas dessas crianças não se sentem dignas do amor dos pais, por não corresponderem ao ideal deles. E a maneira como a família lida com o problema tem grande influência na evolução do transtorno psiquiátrico da criança.
Por trás de todo distúrbio psiquiátrico, existem questões complexas como história de vida, educação, acontecimentos do acaso, cultura e aspectos sociais e econômicos que não podemos ignorar.
O prognóstico para crianças portadoras de problemas mentais graves, como o autismo e as psicoses infantis, é bastante delicado. Essas crianças tendem a serem pouco afetuosas, indiferentes ao contato humano, e têm dificuldades de comunicação. O tratamento busca torná-las mais bem adaptadas, mais independentes e auto-suficientes.
São várias as patologias mentais identificadas principalmente nas fases da infância e adolescência, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), fobia escolar, síndrome de rett e deficiência mental. A mais comum é a depressão.
Os pais e profissionais que trabalham com crianças devem avaliar dificuldades no desenvolvimento, especialmente no que diz respeito a conquistas feitas ainda na primeira infância, como fixar o olhar, andar e falar. Problemas de aprendizagem e atenção também devem ser observados. E até a brincadeira. “Brincar é um sinal de saúde, tanto físico quanto psíquico. Se a criança não brinca, ou brinca pouco, algo está errado”.
O psiquiatra da UNIFESP, Raul Gorayeb, coordenador do CRIA (Centro de Referência da Infância e Adolescência) relata que muitas vezes o comportamento da criança é corrompido pela imaginação dos pais, quando não atendem as suas expectativas. O grande problema da sociedade é não tolerar variações. Em muitos casos, não ir bem à escola é um importante sinal de saúde mental. Precisa ser levado em conta e se todos os aspectos da vida da criança estão em harmonia e se ela é feliz.
É difícil os pais aceitarem que seus filhos possam ter algum tipo de problema. Mas quando temos pais que aceitam e buscam ajuda para resolver os problemas, encontramos grandes dificuldades na saúde pública: não temos profissionais de saúde habilitados a fazer esse tipo de diagnóstico e dar segmento a um tratamento eficaz. Nosso sistema de saúde, no que se refere ao atendimento psiquiátrico infantil, é ainda mais precário que aquele disponível ao adulto. Com a demora de um diagnóstico feito por um especialista, devido a isso tudo que já foi falado, a criança é a que mais sofre as conseqüências.

sábado, 13 de novembro de 2010

DISLEXIA



A dislexia é um distúrbio fonológico, na área da linguagem, uma imagem mental que o som tem e envolve rapidez e precisão no acesso ao léxico mental, na memória de trabalho fonológica e na consciência fonológica. A criança disléxica apresenta sérias dificuldades com a identificação dos símbolos gráficos no início da sua alfabetização, o que acarreta fracasso em outras áreas que dependem da leitura e da escrita. As principais dificuldades são a demora a aprender a falar; a fazer um laço; a reconhecer as horas; ao ato de pegar e chutar a bola; a pular corda; a escrever números e letras correspondentes; a ordenar as letras do alfabeto, os meses do ano e as sílabas de palavras compridas; a distinguir esquerda e direita; à dificuldade ao pronunciar palavras longas e a planejar e fazer redação.
Não se pode deixar de considerar que a criança disléxica é inteligente, mas que, por outro lado, fica angustiada devido à cobrança e, para dar conta, começa a querer adivinhar, tentando fazer uma compensação, como normalmente o indivíduo procura fazer em suas dificuldades.
Há, pelo menos, três tipos diferentes e observáveis de dislexia: fonética ou fonológica, diseidética ou visual e mista. De acordo com a maioria dos estudos, a dislexia fonética ou fonológica é representativamente a mais diagnosticada (Boder, 1973 apud Ciasca & Moura-Ribeiro, 2006).
Diante desse quadro, apesar da dislexia denotar disfunções de áreas corticais específicas, a primeira etapa a ser trabalhada durante o trabalho terapêutico é o estimulo da auto-estima. Visto que a dislexia representa uma interação entre a genética e o que é adquirido pela influência do ambiente, pois reflete a privação ambiental, os danos no sistema nervoso pós-natal, a oportunidade educacional inadequada, entre outros.
Neste caso, cabe destacar a importância da auto-estima, pois é uma sensibilidade desenvolvida na família e na escola, que tem a necessidade de um ambiente socializante para ser desenvolvida. Paralelamente, tem no autoconhecimento a fonte para seu aprimoramento. Com o aumento da auto-estima coadjuvando com o trabalho da fonoaudiologia, a criança passa obter a fluência da leitura, sendo a escrita a última etapa do trabalho.
Como todos os problemas de saúde mental que envolvem as dificuldades de aprendizagem, é fundamental que o parecer clínico e psiquiátrico seja precoce para que sejam descartadas as alterações visuais, auditivas e de retardo mental. Sendo assim, o próximo passo envolve uma avaliação fonoaudiológica que poderá realizar o diagnóstico com precisão.
A evolução do tratamento é fruto da interação dos programas fonoaudiológicos associados à psicoeducação, que envolve a família e a escola. Como por exemplo, introduzindo modificações concretas e dando condições de estimulação e apoio no cotidiano do indivíduo disléxico.

FONOAUDIÓLOGA SONIA MOREIRA (2423-5651)

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM OU DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM?

Segundo Gimenez (2005), quando se estudam as dificuldades decorrentes do processo ensino-aprendizagem, contata-se a necessidade de compreender como os autores da literatura específica abordam o tema e registram as nomenclaturas em suas pesquisas.
Por essa razão, considera-se importante apresentar as diferentes nomenclaturas utilizadas pelos teóricos para mencionar o aluno que apresenta dificuldade de aprender. Uma vez que estas se mostram muito confusas e contraditórias.
A contradição entre as nomenclaturas também tem a ver com a própria evolução dos conceitos em relação ao processo mental (à inteligência), com a neurociência e a chegada da neuroimagem. Com essa evolução, surge um novo olhar sobre um mesmo problema.
Observa-se que, com a evolução da medicina e um novo olhar da educação, tornou-se possível verificar, por meio da neuroimagem, que a inteligência não é apenas um dado quantitativo. O que se confirma justamente pelo processo mental ser dinâmico. E, com isso, essa nova visão contribui para verificar a plasticidade da mente humana.
A partir de uma revisão na literatura específica sobre o tema, foram encontrados diversos termos utilizados pelos autores estudados, como: dificuldades de (ou na) aprendizagem, dificuldades escolares, problemas de (ou na) aprendizagem, distúrbios de aprendizagem e transtornos de aprendizagem. Assim, pode-se constatar que não há consenso entre a definição e a compreensão dos termos encontrados, apesar do assunto ser muito discutido e estudado entre os especialistas da área.
Como já observado, os termos citados acima são muitas vezes empregados inadequadamente. E na tentativa de uniformizá-los para permitir uma melhor comunicação entre os profissionais que atuam na área da aprendizagem e, assim, minimizar possíveis confusões, é necessário estabelecer o que cada um representa e também suas especificidades.

Principais Transtornos e características na infância e adolescência



TOD (Transtorno Desafiador Opositivo)- Comportamento desafiador marcante, desobediente, provocativo. Ausência de atos anti-sociais ou agressivos muito graves. Desafia a autoridade, não aceita limites e ordens, não trabalha em grupo, responsabiliza os outros por seu comportamento hostil, conhecido como pavio-curto (*).
TC (Transtorno de condulta)- Conduta anti-social, comportamento agressivo e perfil desafiador (violação dos direitos cívicos de outrem, depredação de suas propriedades, intimidação, crueldade com animais e pessoas, roubos, mentiras repetidas, cabular aula ou fugir de casa, alguns acessos de birra graves (*).
TDAH (Transtorno de Deficit de Atenção/Hiperatividade)- Principais sintomas: distração, impulsividade e hiperatividade (física e mental). Sintomas secundários: baixa auto-estima, baixa tolerância ao stress, demora excessiva para iniciar ou executar um trabalho, dependência química, depressões freqüentes, entre outros (***).
DI (Depressão Infantil)- É manifestada freqüentemente pela tristeza, falta de motivação, solidão e humor deprimido, irritável e instável. Produz dificuldades sociais e acadêmicas que comprometem o desenvolvimento e o funcionamento do indivíduo em suas relações interpessoais e sociais (*).
TBH (Transtorno Bipolar do Humor) - Condição grave que afeta a vida dos indivíduos acometidos. É conhecido como psicose afetiva por apresentar características como: mudanças súbitas de humor, auto-estima aumentada, hiper-sexualidade, mania de grandeza, pensamento e fala acelerados, inadequação comportamental, distração, agitação e inquietação, necessidade de ser o “centro das atenções”, irritabilidade, instabilidade emocional, agressividade e acessos de raiva (**).
TA (Transtornos de Ansiedade)- Sensações subjetivas de desconforto, inquietação, ansiedade que desencadeiam sintomas somáticos (sudorese, boca seca, taquicardia, nervosismo e outros) e outros transtornos, como obsessivo-compulsivo, ansiedade de separação, ansiedade generalizada, pânico, fobia social e mutismo seletivo (**).
TT (Transtornos de Tiques) - Movimento motor involuntário, rápido, recorrente e não rítmico, ou produção vocal. Há grande variedade. Tendem a ser irresistíveis e se apresentam em um tempo variado. Em ambos os casos, se classificam como simples e complexos (*).
RM (Retardo Mental)- Interrupção do desenvolvimento da mente. Apresenta dificuldades nas atividades globais: aptidões cognitivas, de linguagem, motoras e sociais (*).
Fontes: (*) CID-10 (1992);
(**) Marcelli & Cohen (2009);
(***) Silva (2003).

Atualização da proposta pedagógica – perdas e ganhos

A nova proposta do Conselho Nacional de Educação (Resolução nº 3, de 03 de agosto de 2005) de implementar uma nova nomenclatura a ser adotada na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, estipulando que a duração dos anos estudados esteja de acordo com a faixa etária da criança, poderá promover incompreensão e dúvidas entre os profissionais na área de educação. O que reflete diretamente no aproveitamento escolar e no número de crianças com dificuldades de aprendizagem.
Os profissionais da área de educação devem ser preparados para um olhar atento, no que diz respeito à maturidade e ao desenvolvimento cognitivo do indivíduo na fase escolar em que ele se adéqua. Com isso, evitam-se maiores danos quanto às dificuldades de aprendizagem.
Por outro lado, dentro da atualização da proposta pedagógica, o sistema de ensino e as escolas, nos limites de sua autonomia, têm a possibilidade de proceder às adequações que melhor atendam a determinados fins e objetivos do processo educacional, tais como:
• Promoção da auto-estima dos alunos no período inicial de sua escolarização;
• O respeito às diferenças e às diversidades presentes em um país tão complexo como o Brasil, no contexto do sistema nacional de educação;
• A não aplicação de qualquer medida que possa ser interpretada como retrocesso, o que poderia contribuir para o indesejável fracasso escolar;
• Os gestores devem ter sempre em mente regras de bom-senso e de razoabilidade, bem como tratamento diferenciado sempre que a aprendizagem do aluno exigir (Parecer CNE/CEB nº 7/2007).
Apesar da vigência da formulação dessa possibilidade de autonomia, as escolas ainda não se sentem seguras e confortáveis para interpretá-la e exercê-la com coerência, impactando diretamente no aprendizado e maximizando o fracasso escolar.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O PAPEL DO PROFESSOR NA CONSTRUÇÃO DA AUTO-ESTIMA DO ALUNO



A expectativa do professor sobre a potencialidade do aluno é altamente significativa. Muitas vezes, ele não acredita no desempenho do aluno e na predisposição deste para a aprendizagem. É muito comum que o professor desenvolva um conceito prévio a respeito do aluno.
Permanentemente, caberia ao educador o papel de acolher, nutrir e sustentar o educando, permitindo que ele se desenvolvesse. O que corresponde a um ato “amoroso”, um ato de acolhimento de suas dificuldades, incertezas, dúvidas e limites. O ato “amoroso” é estar ciente de que o papel do educador é dar suporte para que o aluno se desenvolva mais, se torne mais senhor de si, mais autônomo, mais independente (LUCKESI, 2000).
Uma escola mais democrática, através da figura do educador, não deve gerar o sentimento de culpa no aluno, mas sim o sentimento de limitação, que faz com que ele descubra os caminhos para o aprendizado. Quando o professor vê que um aluno é capaz de apresentar suas idéias de maneira lingüística, emocional, espacial e lógico-matemática, é porque ele colaborou para o desenvolvimento da auto-estima deste aluno.
Essa pedagogia exige uma necessidade de vínculo e de comprometimento na relação professor-aluno. É mais trabalhosa e vai exigir um conhecimento específico do profissional, facilitando o desenvolvimento do seu trabalho. O que deve ser mudado não são necessariamente os instrumentos, mas sim a postura de uso. Como, por exemplo, observando como o aluno está manifestando a aprendizagem que teve; qualificando sua realidade; decidindo a respeito dessa realidade e vendo como essa realidade pode vir a ser melhor.

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA CONSTRUÇÃO DA AUTO-ESTIMA


A auto-estima é uma sensibilidade desenvolvida na família e na escola, que tem a necessidade de um ambiente socializante para ser desenvolvida. Paralelamente, tem no autoconhecimento a fonte para seu aprimoramento.
A família é a primeira instituição em que a criança se desenvolve. Nela encontram-se duas figuras importantes para que o desenvolvimento da criança tenha uma evolução positiva: o pai e a mãe. Se essas figuras não estiverem abertas para o novo, o desconhecido, poderão não ter sucesso nas suas funções.
É na família que a criança desenvolve sua auto-estima, pois é papel dos pais a criação de um ambiente propício para fornecer o material necessário, de acordo com suas possibilidades, respeitando o ritmo da criança e, se possível, criando nesse momento da criança um espaço para diálogo, interação, trocas de experiências, atenção e cuidado direcionado para com seus filhos.
A auto-estima vai sendo formada desde o nascimento da criança. Os seus primeiros anos de vida são fundamentais para que ela possa adquirir confiança em si mesma, aprender a se auto valorizar e a se superar em cada desafio. Neste processo, a atitude dos pais tem um papel fundamental no desenvolvimento da auto-estima dos filhos porque estes representam o espelho em que a criança vai formar sua própria imagem. Os pais também são os responsáveis por promover a interação social da criança nos seus diferentes contextos sociais. E é nessa interação, considerada afetiva, que ela desenvolve seus sentimentos de forma positiva, construindo, assim, a sua auto-imagem, que começa desde muito cedo na relação que a criança estabelece com os outros (RAMIREZ, 2008).
A opinião que a criança tem de si mesma está intimamente relacionada com sua capacidade de aprendizagem e com seu rendimento. O que uma criança pensa a seu próprio respeito vai depender do que as outras acham dela, assim como todas as experiências vivenciadas vão contribuir para aumentar ou diminuir sua auto-estima. As experiências que resultam em satisfação, conforto, alegria e motivação para aprender mais, vão compor uma auto-estima positiva. Já as que resultam em castigo, rótulos, zombarias e pressões vão contribuir para compor uma auto-estima negativa. Em outras palavras, se a criança se considera capaz é porque poderá obter sucesso em suas atividades, contribuindo para seu próprio desenvolvimento. Ou, ao contrário, acabará por adotar uma postura que a conduza ao fracasso ao longo de sua vida.

A APRENDIZAGEM E A AFETIVIDADE




A capacidade de aprendizagem do aluno depende, dentre outros aspectos, do seu nível de desenvolvimento cognitivo. Portanto, a sua possibilidade de realizar uma determinada aprendizagem está obviamente limitada pelo seu nível de competência cognitiva. Entretanto, na aprendizagem escolar, o problema reside em saber como o professor pode exercer uma influência sobre o processo de construção do conhecimento do aluno, atuando como mediador entre ele e o conteúdo da aprendizagem.
Na construção do saber, é preciso fazer uma distinção entre informação e educação, pois informar é um meio de controlar e de gerenciar pessoas, enquanto que um processo educativo é um processo de mobilização e de dinamização da informação (SODRÉ, 1999).
Assim, torna-se necessário que o professor tradicional dê espaço ao professor mediador, que leva o indivíduo a refletir, a imaginar e a criar. Wallon (2006) defende que o desenvolvimento intelectual envolve muito mais do que um simples cérebro. As idéias centrais estão baseadas em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa.
Para Wallon (2006), as emoções têm um papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em geral, são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas que é pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino.
O desenvolvimento da inteligência depende essencialmente de como cada uma faz as diferenciações em relação à realidade exterior. Primeiro porque, ao mesmo tempo, suas idéias são lineares e se misturam – ocasionando um conflito permanente entre dois mundos; o interior, povoado de sonhos e fantasias, e o real, cheio de símbolos, códigos e valores sociais e culturais. E é na solução dos confrontos que a inteligência evolui e a mistura de idéias num mesmo plano, bastante comum nessa fase, é fator determinante para o desenvolvimento intelectual.
Nesse processo, cabe à escola humanizar a inteligência, considerando o indivíduo como um todo. Os elementos como a afetividade, as emoções, o movimento e o espaço físico se encontram num mesmo plano e, assim como as atividades pedagógicas e os objetos, devem ser trabalhados de formas variadas. Os temas e as disciplinas não devem se restringir a trabalhar o conteúdo, mas também a ajudar a descobrir o eu no outro e essa relação dialética ajuda a desenvolver a criança em sintonia com o meio.
Então, o significado de aprender deve ser o de se alcançar uma assimilação ativa. A criança deve aprender a ler durante a educação infantil, levar seus conhecimentos para o ensino fundamental e aprofundá-los no ensino médio, de modo que, no instante final da educação básica, esse jovem tenha desempenho eficiente ou satisfatório na hora de ler um livro ou de escrever um texto para concurso ou vestibular.
Quem lê mais amplia seu conhecimento prévio na hora de redigir, mas, ambas, escrita e leitura, são processos que têm suas especificidades. A palavra escrita não é o espelho da fala e a fala não é, necessariamente, o que se escreve. Não há uma correspondência biunívoca entre a fala e a escrita. Entretanto, deve-se acreditar na leitura como apoio às descobertas e as vivências de cada um.
O processo da leitura e da escrita deve ser trabalhado com afetividade, utilizando a concepção interacionista da linguagem, pois o que sustenta o ato de ler e escrever é a palavra que é usada como mediadora na inter-relação leitor e autor. Nesse contexto, entra o professor, viabilizando o processo de produção de textos junto aos seus alunos. A tarefa deve ser em conjunto, entre o professor e a turma. Cabe ao professor participar da construção do saber do aluno, “propiciando um ambiente amigo, libertador, onde os conflitos, os interesses, as inclinações e os impulsos emergem e fazem parte da aula. É nessa relação que o afetivo e o intelectual se unem (DINIZ, 2003)”.
O professor deve ser o motivador do trabalho, desafiando, incomodando, alertando e sugerindo. E, assim, contribuindo, para o desenvolvimento da auto-estima do aluno, pois essa relação (aluno/professor) afeta de maneira muito significativa o curso da descoberta e do autoconhecimento da criança. Por outro, a família deve exercer seu papel, estimulando-a adequadamente e proporcionando uma perspectiva de felicidade na qual a criança se veja e se relacione com os novos estímulos da melhor maneira possível..

PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM – PAs




Mannoni (1999) afirma que o sujeito fala através do sintoma, com sinais de código pouco ou nada comunicáveis e esse código nunca é escolhido por acaso, apresentando sempre sentido e/ou sentidos. Assim, pode-se concluir que o problema de aprendizagem deve ser considerado como um sintoma, um sinal de descompensação. Existem muitos e são variados, como: orgânico, cognitivo, emocional, social e pedagógico. Desta forma, cada caso deve ser bem estudado e incluir na avaliação a família e escola. Eles podem ser causados por um ou mais desses aspectos, afinal o indivíduo é subjetivo e as diversas implicações do mundo externo atingem sua essência.

Muito se fala acerca desse e de outros problemas, mas, quanto às soluções, as que são usualmente aplicadas deixam muito a desejar. Os problemas de aprendizagem podem ser reparados quando se sabe o que fazer para melhorá-los.

O meio ambiente material do indivíduo está relacionado com as possibilidades reais que o meio lhe fornece, com a quantidade, com a qualidade, com a freqüência e com a abundância dos estímulos que constituem seu campo de aprendizagem habitual. Muitas vezes, a própria escola, com todas as suas fontes de tensão e ansiedade, desencadeia ou pode estar agravando as dificuldades na aprendizagem. Sobretudo porque é muito comum encontrar alunos com problemas de aprendizagem administrando um comportamento inadequado, como por exemplo, “ir mal” na escola, passando uma imagem negativa para que as pessoas achem que são “maus” e “estúpidos”.

Os problemas de aprendizagem são reações compreensíveis dos alunos neurologicamente normais, mas que são obrigados a adequar-se às condições adversas da sala de aula, dificultando a aprendizagem ou tornando-a confusa. Isso interfere na estrutura cognitiva e na imagem corporal, transformando os sintomas produzidos por um problema instalado durante o seu desenvolvimento em diferentes níveis de desorganização. Por isso, a maneira da escola ensinar, seu modo de explicar e a sua linguagem podem ser os verdadeiros responsáveis pelo insucesso do aluno em sala de aula.

É comum encontrar, no quotidiano escolar, muitas crianças sensíveis e emocionalmente retraídas que passam a apresentar problemas de aprendizagem depois de submetidas a alguma situação constrangedora não percebida pelos demais: professores, orientadores, coordenadores, funcionários (aqueles que integram a equipe escolar) e demais colegas de classe. Neste contexto, é necessário dar mais atenção aos sintomas e às verdadeiras causas antes de rotular os alunos. Por outro lado, algumas escolas podem ou não ser adequadas a certas crianças. Tudo faz parte de um quebra-cabeça no qual se deve tentar encaixar a melhor proposta pedagógica à realidade de cada aluno, com flexibilidade de pensamento sobre o desenvolvimento humano.

Os problemas de aprendizagem indicam um movimento em que os alunos podem apresentar dificuldades em algumas disciplinas ou em algum momento da vida, além dos problemas psicológicos, como a falta de motivação e a baixa auto-estima. Um dos maiores danos que se pode causar a um aluno é levá-lo a perder a confiança na própria capacidade de pensar (Marques, 2009).

A auto-estima é uma sensibilidade que também é desenvolvida na escola, não só no ambiente familiar. Segundo Antunes (2003), a auto-estima está muito além de querer bem a si mesmo, é ter uma visão concreta e realista das limitações e das potencialidades que cercam um indivíduo. Quanto mais o indivíduo se conhece, maior é a possibilidade de adquirir a auto-estima. A auto-estima tem a necessidade de um ambiente socializante para ser desenvolvida. Paralelamente, tem no autoconhecimento a fonte para seu aprimoramento (Marques, 2009).



CONHEÇA AS DEZ RAZÕES DAS ENTIDADES DE PSICOLOGIA PARA SEREM CONTRA A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

1. A adolescência é uma das fases do desenvolvimento dos indivíduos e, por ser um período de grandes transformações, deve ser pensada pela perspectiva educativa. O desafio da sociedade é educar seus jovens, permitindo um desenvolvimento adequado tanto do ponto de vista emocional e social quanto físico;

2. É urgente garantir o tempo social de infância e juventude, com escola de qualidade, visando condições aos jovens para o exercício e vivência de cidadania, que permitirão a construção dos papéis sociais para a constituição da própria sociedade.

3. A adolescência é momento de passagem da infância para a vida adulta. A inserção do jovem no mundo adulto prevê, em nossa sociedade, ações que assegurem este ingresso, de modo a oferecer - lhes as condições sociais e legais, bem como as capacidades educacionais e emocionais necessárias. É preciso garantir estas condições para TODOS os adolescentes;

4. A adolescência é momento importante na construção de um projeto de vida adulta. Toda atuação da sociedade voltada para esta fase deve ser guiada pela perspectiva de orientação. Um projeto de vida não se constrói com segregação e sim pela orientação escolar e profissional ao longo da vida no sistema de educação e trabalho;

5. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) propõe responsabilização do adolescente que comete ato infracional com aplicação de MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS. O ECA não propõe impunidade. É adequado, do ponto de vista da Psicologia, uma sociedade buscar corrigir a conduta dos seus cidadãos a partir de uma perspectiva educacional, principalmente em se tratando de adolescentes.

6. O critério de fixação da maioridade penal é social, cultural e político, sendo expressão da forma como uma sociedade lida com os conflitos e questões que caracterizam a juventude; implica a eleição de uma lógica que pode ser repressiva ou educativa. Os psicólogos sabem que a repressão não é uma forma adequada de conduta para a constituição de sujeitos sadios. Reduzir a idade penal reduz a igualdade social e não a violência - ameaça, não previne, e punição não corrige.

7. As decisões da sociedade, em todos os âmbitos, não devem jamais desviar a atenção daqueles que nela vivem das causas reais de seus problemas. Uma das causas da violência está na imensa desigualdade social e consequentemente nas péssimas condições de vida a que estão submetidos alguns cidadãos. O debate sobre a redução da maioridade penal é um recorte dos problemas sociais brasileiros que reduz e simplifica a questão.

8. A violência não é solucionada pela culpabilização e pela punição, antes pela ação nas instâncias psíquicas, sociais, políticas e econômicas que a produzem. Agir punindo e sem se preocupar em revelar os mecanismos produtores e mantenedores de violência tem como um de seus efeitos principais aumentar a violência;

9. Reduzir a maioridade penal é tratar o efeito, não a causa. É encarcerar mais cedo a população pobre jovem, apostando que ela não tem outro destino ou possibilidade;

10. Reduzir a maioridade penal isenta o Estado do compromisso com a construção de políticas educativas e de atenção para com a juventude. Nossa posição é de reforço a políticas públicas que tenham uma adolescência sadia como meta;

Se não vejo na criança, uma criança,é porque alguém a violentou antes; e o que vejo é o que sobrou de tudo o que lhe foi tirado
Herbert de Souza (Betinho)

FÓRUM DE ENTIDADES NACIONAIS DA PSICOLOGIA BRASILEIRA
1. ABEP
2. ABOP
3. ABPMC
4. ABPP
5. ABRANEP
6. ABRAP
7. ABRAPEE
8. ABRAPESP
9. ABRAPSO
10. ANPEPP
11. CFP
12. CONEP
13. FENAPSI
14. IBAP
15. SBPD
16. SBPH
17. SBPOT
18. SOBRAPA

domingo, 30 de maio de 2010

RECICLAGEM DO PROFESSOR

Atualmente é necessário que as escolas encontrem o caminho para a diversidade, possibilitando o envolvimento dos alunos no mundo das diferenças e preparando-os para serem legítimos cidadãos. Visto que, na sala de aula, há alunos de diversas culturas, o que requer do professor um olhar diversificado para seu planejamento, bem como para o currículo escolar que, por sua vez, merece adaptações aos conteúdos e às atividades desenvolvidas em sala de aula.

Outro ponto a ser considerado é a importância de se pesquisar a história dos alunos, para que o conteúdo a ser estudado esteja de acordo com seus interesses e com a realidade. A fim de que o trabalho desenvolvido nas escolas possa atender a todo tipo de diferença, já que elas são inúmeras: na aparência, na sexualidade, nas deficiências, nas culturas e nas etnias.

O professor não pode pensar que a inclusão é exclusividade de deficientes e que, para esta acontecer, basta adaptar o espaço físico e ter profissionais qualificados. Isso é preciso, mas não é o suficiente, porque uma escola com olhar voltado para a inclusão jamais pensará somente no deficiente, mas também em todo tipo de diferença que existe e surge a cada dia. Além de oferecer espaço físico adequado, a escola deve preparar as novas gerações para essa educação, voltada para a diversidade, rompendo as barreiras negativas.

Diante disso, faz-se necessário que a formação docente esteja envolvida nesse contexto, buscando prevenir e diminuir as dificuldades no processo de ensinar e aprender. Perrenoud (2002) menciona que esse é o caminho para a profissionalização, uma vez que permite o desenvolvimento da capacidade reflexiva desses profissionais. E, através dessa reflexão, se encontrarão meios para atuar, sem uma receita pronta, com a realidade do aluno.

As mudanças no contexto escolar e social requerem profissionais atualizados e competentes, que estejam preparados para atuar em diferentes problemas dentro de sala de aula. Com uma sólida formação, eles são capazes de incluir esses alunos no processo educativo de forma diversificada, observando a necessidade individual e construindo uma prática crítica-reflexiva e consciente das necessidades e desafios educacionais.

É importante que a escola trabalhe sempre no coletivo, com uma equipe transdisciplinar, o que implica em ir além das disciplinas aplicadas, cruzando suas fronteiras e aplicando conhecimentos de múltiplas disciplinas em todos os momentos e situações em que sua aplicação seja adequada. Segundo Morin (2000), a nova proposta da educação é ousada, visto que ela é utilizada para uma transformação e não uma separação. Ela unifica tudo que envolve o indivíduo, com a preocupação de ligar as formas de conhecimento e valorizar a diversidade (que é um processo natural da vida), e conduz ao caminho de um novo olhar. Por sua vez, cada olhar contribui para elaboração de estudos.

No geral, o que se observa ainda é um trabalho multidisciplinar, no qual não há uma integração entre as disciplinas e os especialistas, embora exista uma equipe pedagógica formada. É notável que, em pleno século XXI, o trabalho multidisciplinar já não gera grandes efeitos na busca da resolução de problemas na educação.

Por outro lado, diante da impossibilidade de se realizar as atividades educativas seguindo a abordagem transdisciplinar, a interdisciplinaridade constitui um ambiente propício, pois estabelece relações entre as disciplinas de diferentes áreas, fortalecendo o conhecimento.

Por isso, a proposta é pensar e sugerir táticas assimiladas com a prática da experiência institucional. Como já dito, não existe uma fórmula a ser seguida, entretanto, é sabido que determinados caminhos levam a resultados mais positivos que outros. Como por exemplo:

• Não tirar o aluno do problema – o aluno deve estar inserido na resolução dos problemas em que ele se encontra, fazendo parte da solução. Não se deve esconder dele o que se passa (nem a escola nem a família), pois isso significa excluí-lo do seu contexto. O aluno consciente poderá desenvolver habilidades quanto à tomada de decisões e minimizar as frustrações pessoais em relação a sua vida;

• Chamar o aluno para sua realidade – o aluno deve estar ciente de suas limitações e deve conhecer as conseqüências geradas por elas. Assim, ele compreenderá as razões que comprometem seu rendimento, reconhecendo que algo não vai bem com ele. Esse processo cognitivo faz com que o aluno perceba que ele precisa de ajuda, através da auto-reflexão, provocando, de fato, uma mudança no seu comportamento;

• Manutenção da auto-estima – uma vez que o aluno aceita ser ajudado, deve-se estar junto com ele e com sua família. De forma alguma, o aluno deve caminhar sozinho nesse processo evolutivo. Ele ainda está desenvolvendo sua maturidade física e psíquica. E o mais importante, a manutenção deve ser constante por meio de reforços positivos;

• A escola não deve se retirar do problema – a escola deve assumir sua participação no erro, facilitando o processo de aprendizagem e reconhecendo que sua equipe pode interferir de forma negativa (mesmo que inconscientemente) no processo ensino-aprendizagem. É comum que eventos diários resultem da condição dos professores, que estão sufocados com a carga de trabalho mais pesada;

• Fortalecer o elo escola-família – é muito importante atingir essa estrutura, visto que, ao acolher o aluno, a escola deve oferecer cuidados relacionados com a família. A família deve ser vista como parte das resoluções dos problemas que o aluno vivencia e não como um dos problemas.

sábado, 17 de abril de 2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A ARTE DE APRENDER


Aprendemos o tempo todo. Enquanto espécie, nós só evoluímos porque aprendemos. O cérebro se adapta ao estilo da vida de seu dono através de algumas características, como: elasticidade, reinventando, criando novos neurônios, novas conexões e novas funções (Isquierdo, 2006). Já se sabe que a aprendizagem pode levar a alterações estruturais no cérebro, porque a cada nova experiência do indivíduo, redes de neurônios são reorganizadas em resposta à experiência e como adaptação a estímulos repetidos. Durante a aprendizagem, o cérebro recebe, usa, armazena, repassa e expressa à informação, de forma visual, auditivo-seqüencial, conceptual, através da fala e da atenção – todos juntos ao mesmo tempo. A aprendizagem é muito interessante porque na verdade é como damos sentido à vida. As informações podem ser absorvidas através de técnicas de ensino ou até pela simples aquisição de hábitos. O individuo precisa estar pronto para o aprender, pois a aprendizagem humana envolve ato ou vontade de aprender, dinamismo e criatividade. Todo nosso processo é baseado na criatividade. O conteúdo das matérias é explorado para que o aluno aprenda de maneira crítica e criativa. E o foco não é no conteúdo, mas na forma de você absorver as informações. Nos dias atuais, o mais importante é desenvolver a autoconfiança junto com a curiosidade e interesse em descobrir as informações, ou seja, aprender a aprender. A aprendizagem é um processo que se cumpre no Sistema Nervoso Central – SNC, produzindo modificações que, em muitos casos, podem ser permanentes e se traduzem por uma modificação funcional ou condutal. É uma adaptação do individuo com o seu meio. A aprendizagem é um processo de apreensão do conteúdo da experiência humana de forma interativa com o seu meio. Em outras palavras, é fazer um processamento através dos estímulos de entrada sensoriais que darão as operações cognitivas, passando por quatro fases: receptivo, memória/aprendizagem, pensamento e expressão/comunicação. Para, então, ter uma modificação no comportamento e, assim, gerar a aprendizagem. Neste sentido, o ambiente é elemento fundamental para o processo da aprendizagem. Um ambiente empobrecido leva o individuo a desenvolver menos o seu cérebro, tendo como conseqüência uma limitação na aprendizagem. Antigamente, a escola só se preocupava com a formação punitiva, exigia que o aluno se enquadrasse num determinado modelo e quando ele não conseguia era punido e cobrado de forma autoritária e às vezes cruel. Hoje, já se sabe que a liberdade e a criatividade, são fatores chaves, determinante na formação do indivíduo e do futuro profissional. As escolas que hoje se preocupam com o desenvolvimento do aluno, são norteadas na liberdade e criatividade humana. Seu projeto pedagógico apresenta um conteúdo das matérias para que o aluno aprenda com autonomia e criatividade. E o foco não é no conteúdo, mas na forma do aprendiz absorver as informações. Nos dias atuais, o mais importante é desenvolver a auto-estima, a autoconfiança junto com a curiosidade e interesse em descobrir as informações, ou seja, aprender a aprender.

Ângela Costa Marques - Psicóloga/Especialista em Dificuldades de Aprendizagem

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

OS LIMITES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

“Meu filho começou a chorar e eu via que não era sono, fome nem dor. Era só pirraça. Então eu disse que ele podia ficar chorando e fui para o quarto. Minutos depois, abri a porta e ele estava quietinho, sentado no chão do corredor. Quando me viu, começou a chorar novamente. Nesse momento, pude perceber o poder que ele tinha e que fazia aquilo para me atingir”. Este relato, a princípio ingênuo, serve para ilustrar o quanto delimitar limites é essencial na formação de toda criança. A idéia do limite auxilia para a compreensão do certo ou errado, do que se pode e do que não se pode fazer. Esta tarefa cabe ao adulto ensinar. Uma criança que cresce tendo tudo o que quer que nunca escuta um “não” se desenvolve sem conhecer seus deveres e seus direitos, sem saber respeitar o outro. Hoje, encontramos muitos pais que, sentindo-se culpados pelo pouco tempo que passam com seus filhos, buscam compensar esse sentimento satisfazendo a todas as suas vontades. Mesmo sendo verdade que a criança sinta a falta dos pais, não é preciso que as regras e o bom senso devam ser esquecidos. Os pais devem perceber que o importante é a qualidade do tempo que ficam com seus filhos e não a quantidade. Logicamente, não podemos deixar de falar da importância do papel da escola nessa formação. Ela lida com a criança durante horas, todos os dias, em diversas situações em que o limite se faz necessário tendo na orientação dos pais. Afinal, a educação é um processo complexo e que exige uma grande interação entre família e educadores. Mas, mesmo a escola tendo uma grande colaboração para a evolução desse processo, não podemos esquecer que a base da educação ainda é dada pelos pais. Se estes demonstram insegurança na hora de colocar o limite, ou não tem seus valores bem claros, a tendência é que seus filhos se comportem da mesma forma. Com tudo que foi dito faz-se necessário ressaltar que para os casos identificados, os responsáveis pela criança devem buscar ajuda de um psicólogo infantil ou de família para serem orientados devidamente sobre como lidar com o limite; até onde ir, como agir, como achar o equilíbrio? Ângela Costa Marques Psicóloga/Esp. Dificuldades de Aprendizagem

DEPRESSÃO INFANTIL


A depressão não faz distinção de classe, não observa limites de idade. E, hoje, já se admite que a depressão seja uma doença capaz de atingir também as crianças. Estudos indicam que filhos de pais com depressão apresentam um risco aumentado em três vezes de virem a apresentar a doença.
A depressão infantil pode manifestar-se como um atraso no desenvolvimento pondero-estatual (crescimento, ganho de peso e altura); regressão nas habilidades adquiridas, isto é, a criança voltaria a se comportar como se fosse mais nova; abandono de brinquedos favoritos; dificuldade de concentração, alterações no sono ou no apetite; a criança pode tornar-se agitada e barulhenta, ou, ao contrário, apática e quieta, isolando-se dos demais em casa ou na escola. Irritabilidade e agressividade são os principais sintomas da depressão infantil.
Pensamentos de inferioridade, inutilidade, culpa e auto recriminação são freqüentes. Geralmente, nesses casos, as crianças descrevem a si mesmas, de modo negativo, como: “eu sou bobo”, “eu sou uma menina ruim” ou” ninguém gosta de mim”.
Outra característica peculiar e a perda do rendimento escolar e a recusa em ir à escola, pois a escola esta para a criança assim como o trabalho esta para o adulto. Algumas vezes, as crianças passam a apresentar queixas físicas como: dor de barriga, dor de cabeça, etc. Dificultando ainda mais o diagnóstico.
Com o desenvolvimento da criança, as queixas somáticas (físicas) tendem a diminuir, aumentando as queixas psicológicas, além do surgimento de fatores agravantes, tais como: uso e abuso de álcool e drogas.
Termino dizendo que para os casos identificados, o melhor a fazer é procurar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra infantil, uma vez que a depressão não tratada pode trazer prejuízos sérios para o indivíduo no futuro.



Ângela Costa Marques
Esp. Dificuldades de Aprendizagem

APRENDER EXIGE TER AUTO-ESTIMA


O filho chega orgulhoso e cheio de si por ser elogiado pela professora e por seu trabalho ter sido escolhido para ser exposto no mural principal da escola. À noite, quando o pai chega do trabalho, recebe a notícia pelo filho e o elogia: “ótimo filho! Continue assim, com capricho você vai ser o primeiro aluno da classe!” E, completa dizendo que é assim que deve ser que vai ficar muito mais feliz ao saber que os próximos trabalhos também serão expostos. Esse pai estava certo de estar incentivando o filho e trabalhando sua auto-estima. Mas, na verdade a mensagem real emitida era: “não estou satisfeito, precisa melhorar. Vamos! Ultrapasse seus limites”.
Na tentativa de acertar, às vezes, os pais assumem uma postura movida por intenções destrutivas (inconscientes), não dando importância as pequenas experiências de vida de seus filhos, dando a impressão de que ele existe em um mundo incompreensível ou que a sua capacidade é insuficiente.
A auto-estima exige assertividade. Ela e o elo entre o gostar e o aprender, o sofrer e o aprender, o partir e o chegar, o perder e o achar, dando sentido a vida, sendo muito mais importante no processo de ensino-aprendizagem do que se imagina.
A auto-estima e quem direciona, comanda o homem, é o ponto de equilíbrio para nos sentirmos seguros em qualquer situação de nossas vidas.
A emoção esta para a razão assim como o prazer esta para o aprendizado, e, a auto-estima é a ferramenta que movimenta os estímulos para gerar bons resultados dessas relações. Por isso,a auto-estima é quem direciona, comanda o homem, é o ponto de equilíbrio para nos sentirmos seguros em qualquer situação de nossas vidas.
Entretanto faz-se necessário que para os casos identificados, os responsáveis pela criança ou adolescente devem buscar ajuda psicoterapia infanto-juvenil para serem orientados de forma adequada sobre como lidar com o problema.


Ângela Costa Marques
Psicóloga/Esp. Dificuldades de Aprendizagem