domingo, 30 de maio de 2010

RECICLAGEM DO PROFESSOR

Atualmente é necessário que as escolas encontrem o caminho para a diversidade, possibilitando o envolvimento dos alunos no mundo das diferenças e preparando-os para serem legítimos cidadãos. Visto que, na sala de aula, há alunos de diversas culturas, o que requer do professor um olhar diversificado para seu planejamento, bem como para o currículo escolar que, por sua vez, merece adaptações aos conteúdos e às atividades desenvolvidas em sala de aula.

Outro ponto a ser considerado é a importância de se pesquisar a história dos alunos, para que o conteúdo a ser estudado esteja de acordo com seus interesses e com a realidade. A fim de que o trabalho desenvolvido nas escolas possa atender a todo tipo de diferença, já que elas são inúmeras: na aparência, na sexualidade, nas deficiências, nas culturas e nas etnias.

O professor não pode pensar que a inclusão é exclusividade de deficientes e que, para esta acontecer, basta adaptar o espaço físico e ter profissionais qualificados. Isso é preciso, mas não é o suficiente, porque uma escola com olhar voltado para a inclusão jamais pensará somente no deficiente, mas também em todo tipo de diferença que existe e surge a cada dia. Além de oferecer espaço físico adequado, a escola deve preparar as novas gerações para essa educação, voltada para a diversidade, rompendo as barreiras negativas.

Diante disso, faz-se necessário que a formação docente esteja envolvida nesse contexto, buscando prevenir e diminuir as dificuldades no processo de ensinar e aprender. Perrenoud (2002) menciona que esse é o caminho para a profissionalização, uma vez que permite o desenvolvimento da capacidade reflexiva desses profissionais. E, através dessa reflexão, se encontrarão meios para atuar, sem uma receita pronta, com a realidade do aluno.

As mudanças no contexto escolar e social requerem profissionais atualizados e competentes, que estejam preparados para atuar em diferentes problemas dentro de sala de aula. Com uma sólida formação, eles são capazes de incluir esses alunos no processo educativo de forma diversificada, observando a necessidade individual e construindo uma prática crítica-reflexiva e consciente das necessidades e desafios educacionais.

É importante que a escola trabalhe sempre no coletivo, com uma equipe transdisciplinar, o que implica em ir além das disciplinas aplicadas, cruzando suas fronteiras e aplicando conhecimentos de múltiplas disciplinas em todos os momentos e situações em que sua aplicação seja adequada. Segundo Morin (2000), a nova proposta da educação é ousada, visto que ela é utilizada para uma transformação e não uma separação. Ela unifica tudo que envolve o indivíduo, com a preocupação de ligar as formas de conhecimento e valorizar a diversidade (que é um processo natural da vida), e conduz ao caminho de um novo olhar. Por sua vez, cada olhar contribui para elaboração de estudos.

No geral, o que se observa ainda é um trabalho multidisciplinar, no qual não há uma integração entre as disciplinas e os especialistas, embora exista uma equipe pedagógica formada. É notável que, em pleno século XXI, o trabalho multidisciplinar já não gera grandes efeitos na busca da resolução de problemas na educação.

Por outro lado, diante da impossibilidade de se realizar as atividades educativas seguindo a abordagem transdisciplinar, a interdisciplinaridade constitui um ambiente propício, pois estabelece relações entre as disciplinas de diferentes áreas, fortalecendo o conhecimento.

Por isso, a proposta é pensar e sugerir táticas assimiladas com a prática da experiência institucional. Como já dito, não existe uma fórmula a ser seguida, entretanto, é sabido que determinados caminhos levam a resultados mais positivos que outros. Como por exemplo:

• Não tirar o aluno do problema – o aluno deve estar inserido na resolução dos problemas em que ele se encontra, fazendo parte da solução. Não se deve esconder dele o que se passa (nem a escola nem a família), pois isso significa excluí-lo do seu contexto. O aluno consciente poderá desenvolver habilidades quanto à tomada de decisões e minimizar as frustrações pessoais em relação a sua vida;

• Chamar o aluno para sua realidade – o aluno deve estar ciente de suas limitações e deve conhecer as conseqüências geradas por elas. Assim, ele compreenderá as razões que comprometem seu rendimento, reconhecendo que algo não vai bem com ele. Esse processo cognitivo faz com que o aluno perceba que ele precisa de ajuda, através da auto-reflexão, provocando, de fato, uma mudança no seu comportamento;

• Manutenção da auto-estima – uma vez que o aluno aceita ser ajudado, deve-se estar junto com ele e com sua família. De forma alguma, o aluno deve caminhar sozinho nesse processo evolutivo. Ele ainda está desenvolvendo sua maturidade física e psíquica. E o mais importante, a manutenção deve ser constante por meio de reforços positivos;

• A escola não deve se retirar do problema – a escola deve assumir sua participação no erro, facilitando o processo de aprendizagem e reconhecendo que sua equipe pode interferir de forma negativa (mesmo que inconscientemente) no processo ensino-aprendizagem. É comum que eventos diários resultem da condição dos professores, que estão sufocados com a carga de trabalho mais pesada;

• Fortalecer o elo escola-família – é muito importante atingir essa estrutura, visto que, ao acolher o aluno, a escola deve oferecer cuidados relacionados com a família. A família deve ser vista como parte das resoluções dos problemas que o aluno vivencia e não como um dos problemas.