terça-feira, 16 de novembro de 2010

A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE CRIADORA NA EDUCAÇÃO



"Nós vivemos entre dois mundos, ou seja, entre dois sistemas de percepção totalmente diferentes: percepção de coisas externas, por meio dos sentidos, e percepção de coisas internas, por meios de imagens do inconsciente".
C.G. Jung

Como a linguagem é limitada e racional, dificulta traduzir sentimentos e sensações em palavras o que proporciona filtrar aquilo que será dito, organizando as idéias, impedindo que o conteúdo mais importante seja tocado. A arte como meio de compreender o desenvolvimento entra como desbloqueadora, aproximando a pessoa da sensação e da emoção acessando conflitos não ditos e explicados pela linguagem verbal. Implica em usar o cérebro para alterar, renovar, encontrar respostas e soluções, experienciar novas formas de viver com mais criatividade, dando um novo sentido a vida.
As mudanças, à medida que a criança cresce e se desenvolve, são claramente visíveis em seus desenhos. Milhares de desenhos feitos por elas, jamais existirá dois que irão ser idênticos. Cada desenho reflete os sentimentos, a capacidade intelectual, o desenvolvimento físico, a acuidade perceptivo, o envolvimento criador, o gosto estético e até a evolução social do indivíduo.
A melhor descarga emocional na arte,está quando a criança retrata as coisas que são significativas e importantes para ela e quando ela própria aparece retratada.
Todo ajuste a uma nova situação implica flexibilidade – flexibilidade no pensamento, flexibilidade na imaginação e flexibilidade na ação.
Crianças que apresentam freqüentes repetições estereotipadas poderá haver uma dificuldade real na adaptação a novas circunstâncias.
A constante superproteção condiciona as crianças a confiarem noutras pessoas e a se refugiarem atrás dessa superproteção. Isto as priva não só da sua liberdade, mas também da sua capacidade para se adaptarem a novas situações.
A criança emocionalmente livre, desinibida, na expressão criadora, sente-se segura e confiante ao abordar qualquer problema que derive de suas experiências. Identifica-se, extritamente, com seus desenhos e tem liberdade para explorar e experimentar grande variedade de materiais.
A arte dá oportunidade a qualquer pessoa de desenvolver habilidades e despertar todo o seu potencial através da expressão artística com o uso de diversos materiais como pintura, recorte e colagem, desenhos, dança, modelagem, entre outros. Cada material atua de uma maneira em cada pessoa despertando emoções antes contidas, renovando o ser humano, fazendo surgir novas percepções a cerca de si mesmo e do mundo num processo contínuo de conhecimento. A arte trabalha essencialmente a emoção.

"(...) É por meio dessas manifestações expressivas que nos é dado penetrar no mundo interior dos psicóticos, mundo tão pouco acessível às abordagens lógico-discursivas. O terapeuta que verdadeiramente deseja entrar em contato com seu doente terá de aprender a decifrar as imagens que ele pinta ou modela, terá de aprender a ler sua expressão corporal, a captar as veladas expressões de suas tentativas de comunicação".
Nise da Silveira

Quando a criança adoece muito cedo, como ficam as famílias?



É grande o número de famílias que se desestruturam em decorrência da patologia da criança. O preconceito sempre surge diante do desconhecido. Muitas dessas crianças não se sentem dignas do amor dos pais, por não corresponderem ao ideal deles. E a maneira como a família lida com o problema tem grande influência na evolução do transtorno psiquiátrico da criança.
Por trás de todo distúrbio psiquiátrico, existem questões complexas como história de vida, educação, acontecimentos do acaso, cultura e aspectos sociais e econômicos que não podemos ignorar.
O prognóstico para crianças portadoras de problemas mentais graves, como o autismo e as psicoses infantis, é bastante delicado. Essas crianças tendem a serem pouco afetuosas, indiferentes ao contato humano, e têm dificuldades de comunicação. O tratamento busca torná-las mais bem adaptadas, mais independentes e auto-suficientes.
São várias as patologias mentais identificadas principalmente nas fases da infância e adolescência, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), fobia escolar, síndrome de rett e deficiência mental. A mais comum é a depressão.
Os pais e profissionais que trabalham com crianças devem avaliar dificuldades no desenvolvimento, especialmente no que diz respeito a conquistas feitas ainda na primeira infância, como fixar o olhar, andar e falar. Problemas de aprendizagem e atenção também devem ser observados. E até a brincadeira. “Brincar é um sinal de saúde, tanto físico quanto psíquico. Se a criança não brinca, ou brinca pouco, algo está errado”.
O psiquiatra da UNIFESP, Raul Gorayeb, coordenador do CRIA (Centro de Referência da Infância e Adolescência) relata que muitas vezes o comportamento da criança é corrompido pela imaginação dos pais, quando não atendem as suas expectativas. O grande problema da sociedade é não tolerar variações. Em muitos casos, não ir bem à escola é um importante sinal de saúde mental. Precisa ser levado em conta e se todos os aspectos da vida da criança estão em harmonia e se ela é feliz.
É difícil os pais aceitarem que seus filhos possam ter algum tipo de problema. Mas quando temos pais que aceitam e buscam ajuda para resolver os problemas, encontramos grandes dificuldades na saúde pública: não temos profissionais de saúde habilitados a fazer esse tipo de diagnóstico e dar segmento a um tratamento eficaz. Nosso sistema de saúde, no que se refere ao atendimento psiquiátrico infantil, é ainda mais precário que aquele disponível ao adulto. Com a demora de um diagnóstico feito por um especialista, devido a isso tudo que já foi falado, a criança é a que mais sofre as conseqüências.