sexta-feira, 11 de junho de 2010

O PAPEL DO PROFESSOR NA CONSTRUÇÃO DA AUTO-ESTIMA DO ALUNO



A expectativa do professor sobre a potencialidade do aluno é altamente significativa. Muitas vezes, ele não acredita no desempenho do aluno e na predisposição deste para a aprendizagem. É muito comum que o professor desenvolva um conceito prévio a respeito do aluno.
Permanentemente, caberia ao educador o papel de acolher, nutrir e sustentar o educando, permitindo que ele se desenvolvesse. O que corresponde a um ato “amoroso”, um ato de acolhimento de suas dificuldades, incertezas, dúvidas e limites. O ato “amoroso” é estar ciente de que o papel do educador é dar suporte para que o aluno se desenvolva mais, se torne mais senhor de si, mais autônomo, mais independente (LUCKESI, 2000).
Uma escola mais democrática, através da figura do educador, não deve gerar o sentimento de culpa no aluno, mas sim o sentimento de limitação, que faz com que ele descubra os caminhos para o aprendizado. Quando o professor vê que um aluno é capaz de apresentar suas idéias de maneira lingüística, emocional, espacial e lógico-matemática, é porque ele colaborou para o desenvolvimento da auto-estima deste aluno.
Essa pedagogia exige uma necessidade de vínculo e de comprometimento na relação professor-aluno. É mais trabalhosa e vai exigir um conhecimento específico do profissional, facilitando o desenvolvimento do seu trabalho. O que deve ser mudado não são necessariamente os instrumentos, mas sim a postura de uso. Como, por exemplo, observando como o aluno está manifestando a aprendizagem que teve; qualificando sua realidade; decidindo a respeito dessa realidade e vendo como essa realidade pode vir a ser melhor.

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA CONSTRUÇÃO DA AUTO-ESTIMA


A auto-estima é uma sensibilidade desenvolvida na família e na escola, que tem a necessidade de um ambiente socializante para ser desenvolvida. Paralelamente, tem no autoconhecimento a fonte para seu aprimoramento.
A família é a primeira instituição em que a criança se desenvolve. Nela encontram-se duas figuras importantes para que o desenvolvimento da criança tenha uma evolução positiva: o pai e a mãe. Se essas figuras não estiverem abertas para o novo, o desconhecido, poderão não ter sucesso nas suas funções.
É na família que a criança desenvolve sua auto-estima, pois é papel dos pais a criação de um ambiente propício para fornecer o material necessário, de acordo com suas possibilidades, respeitando o ritmo da criança e, se possível, criando nesse momento da criança um espaço para diálogo, interação, trocas de experiências, atenção e cuidado direcionado para com seus filhos.
A auto-estima vai sendo formada desde o nascimento da criança. Os seus primeiros anos de vida são fundamentais para que ela possa adquirir confiança em si mesma, aprender a se auto valorizar e a se superar em cada desafio. Neste processo, a atitude dos pais tem um papel fundamental no desenvolvimento da auto-estima dos filhos porque estes representam o espelho em que a criança vai formar sua própria imagem. Os pais também são os responsáveis por promover a interação social da criança nos seus diferentes contextos sociais. E é nessa interação, considerada afetiva, que ela desenvolve seus sentimentos de forma positiva, construindo, assim, a sua auto-imagem, que começa desde muito cedo na relação que a criança estabelece com os outros (RAMIREZ, 2008).
A opinião que a criança tem de si mesma está intimamente relacionada com sua capacidade de aprendizagem e com seu rendimento. O que uma criança pensa a seu próprio respeito vai depender do que as outras acham dela, assim como todas as experiências vivenciadas vão contribuir para aumentar ou diminuir sua auto-estima. As experiências que resultam em satisfação, conforto, alegria e motivação para aprender mais, vão compor uma auto-estima positiva. Já as que resultam em castigo, rótulos, zombarias e pressões vão contribuir para compor uma auto-estima negativa. Em outras palavras, se a criança se considera capaz é porque poderá obter sucesso em suas atividades, contribuindo para seu próprio desenvolvimento. Ou, ao contrário, acabará por adotar uma postura que a conduza ao fracasso ao longo de sua vida.

A APRENDIZAGEM E A AFETIVIDADE




A capacidade de aprendizagem do aluno depende, dentre outros aspectos, do seu nível de desenvolvimento cognitivo. Portanto, a sua possibilidade de realizar uma determinada aprendizagem está obviamente limitada pelo seu nível de competência cognitiva. Entretanto, na aprendizagem escolar, o problema reside em saber como o professor pode exercer uma influência sobre o processo de construção do conhecimento do aluno, atuando como mediador entre ele e o conteúdo da aprendizagem.
Na construção do saber, é preciso fazer uma distinção entre informação e educação, pois informar é um meio de controlar e de gerenciar pessoas, enquanto que um processo educativo é um processo de mobilização e de dinamização da informação (SODRÉ, 1999).
Assim, torna-se necessário que o professor tradicional dê espaço ao professor mediador, que leva o indivíduo a refletir, a imaginar e a criar. Wallon (2006) defende que o desenvolvimento intelectual envolve muito mais do que um simples cérebro. As idéias centrais estão baseadas em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa.
Para Wallon (2006), as emoções têm um papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em geral, são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas que é pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino.
O desenvolvimento da inteligência depende essencialmente de como cada uma faz as diferenciações em relação à realidade exterior. Primeiro porque, ao mesmo tempo, suas idéias são lineares e se misturam – ocasionando um conflito permanente entre dois mundos; o interior, povoado de sonhos e fantasias, e o real, cheio de símbolos, códigos e valores sociais e culturais. E é na solução dos confrontos que a inteligência evolui e a mistura de idéias num mesmo plano, bastante comum nessa fase, é fator determinante para o desenvolvimento intelectual.
Nesse processo, cabe à escola humanizar a inteligência, considerando o indivíduo como um todo. Os elementos como a afetividade, as emoções, o movimento e o espaço físico se encontram num mesmo plano e, assim como as atividades pedagógicas e os objetos, devem ser trabalhados de formas variadas. Os temas e as disciplinas não devem se restringir a trabalhar o conteúdo, mas também a ajudar a descobrir o eu no outro e essa relação dialética ajuda a desenvolver a criança em sintonia com o meio.
Então, o significado de aprender deve ser o de se alcançar uma assimilação ativa. A criança deve aprender a ler durante a educação infantil, levar seus conhecimentos para o ensino fundamental e aprofundá-los no ensino médio, de modo que, no instante final da educação básica, esse jovem tenha desempenho eficiente ou satisfatório na hora de ler um livro ou de escrever um texto para concurso ou vestibular.
Quem lê mais amplia seu conhecimento prévio na hora de redigir, mas, ambas, escrita e leitura, são processos que têm suas especificidades. A palavra escrita não é o espelho da fala e a fala não é, necessariamente, o que se escreve. Não há uma correspondência biunívoca entre a fala e a escrita. Entretanto, deve-se acreditar na leitura como apoio às descobertas e as vivências de cada um.
O processo da leitura e da escrita deve ser trabalhado com afetividade, utilizando a concepção interacionista da linguagem, pois o que sustenta o ato de ler e escrever é a palavra que é usada como mediadora na inter-relação leitor e autor. Nesse contexto, entra o professor, viabilizando o processo de produção de textos junto aos seus alunos. A tarefa deve ser em conjunto, entre o professor e a turma. Cabe ao professor participar da construção do saber do aluno, “propiciando um ambiente amigo, libertador, onde os conflitos, os interesses, as inclinações e os impulsos emergem e fazem parte da aula. É nessa relação que o afetivo e o intelectual se unem (DINIZ, 2003)”.
O professor deve ser o motivador do trabalho, desafiando, incomodando, alertando e sugerindo. E, assim, contribuindo, para o desenvolvimento da auto-estima do aluno, pois essa relação (aluno/professor) afeta de maneira muito significativa o curso da descoberta e do autoconhecimento da criança. Por outro, a família deve exercer seu papel, estimulando-a adequadamente e proporcionando uma perspectiva de felicidade na qual a criança se veja e se relacione com os novos estímulos da melhor maneira possível..

PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM – PAs




Mannoni (1999) afirma que o sujeito fala através do sintoma, com sinais de código pouco ou nada comunicáveis e esse código nunca é escolhido por acaso, apresentando sempre sentido e/ou sentidos. Assim, pode-se concluir que o problema de aprendizagem deve ser considerado como um sintoma, um sinal de descompensação. Existem muitos e são variados, como: orgânico, cognitivo, emocional, social e pedagógico. Desta forma, cada caso deve ser bem estudado e incluir na avaliação a família e escola. Eles podem ser causados por um ou mais desses aspectos, afinal o indivíduo é subjetivo e as diversas implicações do mundo externo atingem sua essência.

Muito se fala acerca desse e de outros problemas, mas, quanto às soluções, as que são usualmente aplicadas deixam muito a desejar. Os problemas de aprendizagem podem ser reparados quando se sabe o que fazer para melhorá-los.

O meio ambiente material do indivíduo está relacionado com as possibilidades reais que o meio lhe fornece, com a quantidade, com a qualidade, com a freqüência e com a abundância dos estímulos que constituem seu campo de aprendizagem habitual. Muitas vezes, a própria escola, com todas as suas fontes de tensão e ansiedade, desencadeia ou pode estar agravando as dificuldades na aprendizagem. Sobretudo porque é muito comum encontrar alunos com problemas de aprendizagem administrando um comportamento inadequado, como por exemplo, “ir mal” na escola, passando uma imagem negativa para que as pessoas achem que são “maus” e “estúpidos”.

Os problemas de aprendizagem são reações compreensíveis dos alunos neurologicamente normais, mas que são obrigados a adequar-se às condições adversas da sala de aula, dificultando a aprendizagem ou tornando-a confusa. Isso interfere na estrutura cognitiva e na imagem corporal, transformando os sintomas produzidos por um problema instalado durante o seu desenvolvimento em diferentes níveis de desorganização. Por isso, a maneira da escola ensinar, seu modo de explicar e a sua linguagem podem ser os verdadeiros responsáveis pelo insucesso do aluno em sala de aula.

É comum encontrar, no quotidiano escolar, muitas crianças sensíveis e emocionalmente retraídas que passam a apresentar problemas de aprendizagem depois de submetidas a alguma situação constrangedora não percebida pelos demais: professores, orientadores, coordenadores, funcionários (aqueles que integram a equipe escolar) e demais colegas de classe. Neste contexto, é necessário dar mais atenção aos sintomas e às verdadeiras causas antes de rotular os alunos. Por outro lado, algumas escolas podem ou não ser adequadas a certas crianças. Tudo faz parte de um quebra-cabeça no qual se deve tentar encaixar a melhor proposta pedagógica à realidade de cada aluno, com flexibilidade de pensamento sobre o desenvolvimento humano.

Os problemas de aprendizagem indicam um movimento em que os alunos podem apresentar dificuldades em algumas disciplinas ou em algum momento da vida, além dos problemas psicológicos, como a falta de motivação e a baixa auto-estima. Um dos maiores danos que se pode causar a um aluno é levá-lo a perder a confiança na própria capacidade de pensar (Marques, 2009).

A auto-estima é uma sensibilidade que também é desenvolvida na escola, não só no ambiente familiar. Segundo Antunes (2003), a auto-estima está muito além de querer bem a si mesmo, é ter uma visão concreta e realista das limitações e das potencialidades que cercam um indivíduo. Quanto mais o indivíduo se conhece, maior é a possibilidade de adquirir a auto-estima. A auto-estima tem a necessidade de um ambiente socializante para ser desenvolvida. Paralelamente, tem no autoconhecimento a fonte para seu aprimoramento (Marques, 2009).



CONHEÇA AS DEZ RAZÕES DAS ENTIDADES DE PSICOLOGIA PARA SEREM CONTRA A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

1. A adolescência é uma das fases do desenvolvimento dos indivíduos e, por ser um período de grandes transformações, deve ser pensada pela perspectiva educativa. O desafio da sociedade é educar seus jovens, permitindo um desenvolvimento adequado tanto do ponto de vista emocional e social quanto físico;

2. É urgente garantir o tempo social de infância e juventude, com escola de qualidade, visando condições aos jovens para o exercício e vivência de cidadania, que permitirão a construção dos papéis sociais para a constituição da própria sociedade.

3. A adolescência é momento de passagem da infância para a vida adulta. A inserção do jovem no mundo adulto prevê, em nossa sociedade, ações que assegurem este ingresso, de modo a oferecer - lhes as condições sociais e legais, bem como as capacidades educacionais e emocionais necessárias. É preciso garantir estas condições para TODOS os adolescentes;

4. A adolescência é momento importante na construção de um projeto de vida adulta. Toda atuação da sociedade voltada para esta fase deve ser guiada pela perspectiva de orientação. Um projeto de vida não se constrói com segregação e sim pela orientação escolar e profissional ao longo da vida no sistema de educação e trabalho;

5. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) propõe responsabilização do adolescente que comete ato infracional com aplicação de MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS. O ECA não propõe impunidade. É adequado, do ponto de vista da Psicologia, uma sociedade buscar corrigir a conduta dos seus cidadãos a partir de uma perspectiva educacional, principalmente em se tratando de adolescentes.

6. O critério de fixação da maioridade penal é social, cultural e político, sendo expressão da forma como uma sociedade lida com os conflitos e questões que caracterizam a juventude; implica a eleição de uma lógica que pode ser repressiva ou educativa. Os psicólogos sabem que a repressão não é uma forma adequada de conduta para a constituição de sujeitos sadios. Reduzir a idade penal reduz a igualdade social e não a violência - ameaça, não previne, e punição não corrige.

7. As decisões da sociedade, em todos os âmbitos, não devem jamais desviar a atenção daqueles que nela vivem das causas reais de seus problemas. Uma das causas da violência está na imensa desigualdade social e consequentemente nas péssimas condições de vida a que estão submetidos alguns cidadãos. O debate sobre a redução da maioridade penal é um recorte dos problemas sociais brasileiros que reduz e simplifica a questão.

8. A violência não é solucionada pela culpabilização e pela punição, antes pela ação nas instâncias psíquicas, sociais, políticas e econômicas que a produzem. Agir punindo e sem se preocupar em revelar os mecanismos produtores e mantenedores de violência tem como um de seus efeitos principais aumentar a violência;

9. Reduzir a maioridade penal é tratar o efeito, não a causa. É encarcerar mais cedo a população pobre jovem, apostando que ela não tem outro destino ou possibilidade;

10. Reduzir a maioridade penal isenta o Estado do compromisso com a construção de políticas educativas e de atenção para com a juventude. Nossa posição é de reforço a políticas públicas que tenham uma adolescência sadia como meta;

Se não vejo na criança, uma criança,é porque alguém a violentou antes; e o que vejo é o que sobrou de tudo o que lhe foi tirado
Herbert de Souza (Betinho)

FÓRUM DE ENTIDADES NACIONAIS DA PSICOLOGIA BRASILEIRA
1. ABEP
2. ABOP
3. ABPMC
4. ABPP
5. ABRANEP
6. ABRAP
7. ABRAPEE
8. ABRAPESP
9. ABRAPSO
10. ANPEPP
11. CFP
12. CONEP
13. FENAPSI
14. IBAP
15. SBPD
16. SBPH
17. SBPOT
18. SOBRAPA