sexta-feira, 11 de junho de 2010

A APRENDIZAGEM E A AFETIVIDADE




A capacidade de aprendizagem do aluno depende, dentre outros aspectos, do seu nível de desenvolvimento cognitivo. Portanto, a sua possibilidade de realizar uma determinada aprendizagem está obviamente limitada pelo seu nível de competência cognitiva. Entretanto, na aprendizagem escolar, o problema reside em saber como o professor pode exercer uma influência sobre o processo de construção do conhecimento do aluno, atuando como mediador entre ele e o conteúdo da aprendizagem.
Na construção do saber, é preciso fazer uma distinção entre informação e educação, pois informar é um meio de controlar e de gerenciar pessoas, enquanto que um processo educativo é um processo de mobilização e de dinamização da informação (SODRÉ, 1999).
Assim, torna-se necessário que o professor tradicional dê espaço ao professor mediador, que leva o indivíduo a refletir, a imaginar e a criar. Wallon (2006) defende que o desenvolvimento intelectual envolve muito mais do que um simples cérebro. As idéias centrais estão baseadas em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa.
Para Wallon (2006), as emoções têm um papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em geral, são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas que é pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino.
O desenvolvimento da inteligência depende essencialmente de como cada uma faz as diferenciações em relação à realidade exterior. Primeiro porque, ao mesmo tempo, suas idéias são lineares e se misturam – ocasionando um conflito permanente entre dois mundos; o interior, povoado de sonhos e fantasias, e o real, cheio de símbolos, códigos e valores sociais e culturais. E é na solução dos confrontos que a inteligência evolui e a mistura de idéias num mesmo plano, bastante comum nessa fase, é fator determinante para o desenvolvimento intelectual.
Nesse processo, cabe à escola humanizar a inteligência, considerando o indivíduo como um todo. Os elementos como a afetividade, as emoções, o movimento e o espaço físico se encontram num mesmo plano e, assim como as atividades pedagógicas e os objetos, devem ser trabalhados de formas variadas. Os temas e as disciplinas não devem se restringir a trabalhar o conteúdo, mas também a ajudar a descobrir o eu no outro e essa relação dialética ajuda a desenvolver a criança em sintonia com o meio.
Então, o significado de aprender deve ser o de se alcançar uma assimilação ativa. A criança deve aprender a ler durante a educação infantil, levar seus conhecimentos para o ensino fundamental e aprofundá-los no ensino médio, de modo que, no instante final da educação básica, esse jovem tenha desempenho eficiente ou satisfatório na hora de ler um livro ou de escrever um texto para concurso ou vestibular.
Quem lê mais amplia seu conhecimento prévio na hora de redigir, mas, ambas, escrita e leitura, são processos que têm suas especificidades. A palavra escrita não é o espelho da fala e a fala não é, necessariamente, o que se escreve. Não há uma correspondência biunívoca entre a fala e a escrita. Entretanto, deve-se acreditar na leitura como apoio às descobertas e as vivências de cada um.
O processo da leitura e da escrita deve ser trabalhado com afetividade, utilizando a concepção interacionista da linguagem, pois o que sustenta o ato de ler e escrever é a palavra que é usada como mediadora na inter-relação leitor e autor. Nesse contexto, entra o professor, viabilizando o processo de produção de textos junto aos seus alunos. A tarefa deve ser em conjunto, entre o professor e a turma. Cabe ao professor participar da construção do saber do aluno, “propiciando um ambiente amigo, libertador, onde os conflitos, os interesses, as inclinações e os impulsos emergem e fazem parte da aula. É nessa relação que o afetivo e o intelectual se unem (DINIZ, 2003)”.
O professor deve ser o motivador do trabalho, desafiando, incomodando, alertando e sugerindo. E, assim, contribuindo, para o desenvolvimento da auto-estima do aluno, pois essa relação (aluno/professor) afeta de maneira muito significativa o curso da descoberta e do autoconhecimento da criança. Por outro, a família deve exercer seu papel, estimulando-a adequadamente e proporcionando uma perspectiva de felicidade na qual a criança se veja e se relacione com os novos estímulos da melhor maneira possível..

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