terça-feira, 16 de novembro de 2010

Quando a criança adoece muito cedo, como ficam as famílias?



É grande o número de famílias que se desestruturam em decorrência da patologia da criança. O preconceito sempre surge diante do desconhecido. Muitas dessas crianças não se sentem dignas do amor dos pais, por não corresponderem ao ideal deles. E a maneira como a família lida com o problema tem grande influência na evolução do transtorno psiquiátrico da criança.
Por trás de todo distúrbio psiquiátrico, existem questões complexas como história de vida, educação, acontecimentos do acaso, cultura e aspectos sociais e econômicos que não podemos ignorar.
O prognóstico para crianças portadoras de problemas mentais graves, como o autismo e as psicoses infantis, é bastante delicado. Essas crianças tendem a serem pouco afetuosas, indiferentes ao contato humano, e têm dificuldades de comunicação. O tratamento busca torná-las mais bem adaptadas, mais independentes e auto-suficientes.
São várias as patologias mentais identificadas principalmente nas fases da infância e adolescência, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), fobia escolar, síndrome de rett e deficiência mental. A mais comum é a depressão.
Os pais e profissionais que trabalham com crianças devem avaliar dificuldades no desenvolvimento, especialmente no que diz respeito a conquistas feitas ainda na primeira infância, como fixar o olhar, andar e falar. Problemas de aprendizagem e atenção também devem ser observados. E até a brincadeira. “Brincar é um sinal de saúde, tanto físico quanto psíquico. Se a criança não brinca, ou brinca pouco, algo está errado”.
O psiquiatra da UNIFESP, Raul Gorayeb, coordenador do CRIA (Centro de Referência da Infância e Adolescência) relata que muitas vezes o comportamento da criança é corrompido pela imaginação dos pais, quando não atendem as suas expectativas. O grande problema da sociedade é não tolerar variações. Em muitos casos, não ir bem à escola é um importante sinal de saúde mental. Precisa ser levado em conta e se todos os aspectos da vida da criança estão em harmonia e se ela é feliz.
É difícil os pais aceitarem que seus filhos possam ter algum tipo de problema. Mas quando temos pais que aceitam e buscam ajuda para resolver os problemas, encontramos grandes dificuldades na saúde pública: não temos profissionais de saúde habilitados a fazer esse tipo de diagnóstico e dar segmento a um tratamento eficaz. Nosso sistema de saúde, no que se refere ao atendimento psiquiátrico infantil, é ainda mais precário que aquele disponível ao adulto. Com a demora de um diagnóstico feito por um especialista, devido a isso tudo que já foi falado, a criança é a que mais sofre as conseqüências.

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